quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Quem pratica a misericórdia não teme a morte!

VATICANO, 27 Nov. 2013

Foi o clamor do Papa Francisco nesta manhã em sua catequese da audiência geral, no meio do intenso frio da Praça de São Pedro onde milhares de fiéis escutaram com atenção a reflexão do Santo Padre sobre a vida eterna e a esperança que dá a ressurreição de Cristo.

O Santo Padre afirmou que "a solidariedade no partilhar a dor e infundir esperança é premissa e condição para receber por herança aquele Reino preparado para nós. Quem pratica a misericórdia não teme a morte. Pensem bem nisto: quem pratica a misericórdia não teme a morte! Vocês estão de acordo? Digamos juntos para não esquecê-lo? Quem pratica a misericórdia não teme a morte. E por que não teme a morte? Porque a olha em face das feridas dos irmãos e a supera com o amor de Jesus Cristo".

O Papa explicou que "entre nós, comumente, há um modo errado de olhar para a morte. A morte diz respeito a todos, e nos interroga de modo profundo, especialmente quando nos toca de modo próximo, ou quando atinge os pequenos, os indefesos de maneira que nos resulta "escandalosa".? A mim sempre veio a pergunta: por que sofrem as crianças? Por que morrem as crianças?"

"Se entendida como o fim de tudo, a morte assusta, aterroriza, transforma-se em ameaça que infringe todo sonho, toda perspectiva, que rompe toda relação e interrompe todo caminho. Isso acontece quando consideramos a nossa vida como um tempo fechado entre dois pólos: o nascimento e a morte; quando não acreditamos em um horizonte que vai além daquele da vida presente; quando se vive como se Deus não existisse".

Esta concepção da morte, disse logo o Papa, "é típica do pensamento ateu, que interpreta a existência como um encontrar-se casualmente no mundo e um caminhar para o nada. Mas existe também um ateísmo prático, que é um viver somente para os próprios interesses e viver somente para as coisas terrenas. Se nos deixamos levar por esta visão errada da morte, não temos outra escolha se não ocultar a morte, negá-la ou banalizá-la, para que não nos cause medo".

"Mas a essa falsa solução se rebela o "coração" do homem, o desejo que todos nós temos de infinito, a nostalgia que todos temos do eterno. E então qual é o sentido cristão da morte? Se olhamos para os momentos mais dolorosos da nossa vida, quando perdemos uma pessoa querida – os pais, um irmão, uma irmã, um cônjuge, um filho, um amigo – nos damos conta de que, mesmo no drama da perda, mesmo dilacerados pela separação, sai do coração a convicção de que não pode estar tudo acabado, que o bem dado e recebido não foi inútil. Há um instinto poderoso dentro de nós que nos diz que a nossa vida não termina com a morte".


O Santo Padre ressaltou que "esta sede de vida encontrou a sua resposta real e confiável na ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus não dá somente a certeza da vida além da morte, mas ilumina também o próprio mistério da morte de cada um de nós. Se vivemos unidos a Jesus, fiéis a Ele, seremos capazes de enfrentar com sabedoria e serenidade mesmo a passagem da morte. A Igreja, de fato, prega: "Se nos entristece a certeza de dever morrer, consola-nos a promessa da imortalidade futura". Uma belaoração esta da Igreja!".

"Uma pessoa tende a morrer como viveu. Se a minha vida foi um caminho com o Senhor, um caminho de confiança na sua imensa misericórdia, estarei preparado para aceitar o último momento da minha existência terrena como o definitivo abandono confiante em suas mãos acolhedoras, à espera de contemplar face-a-face o seu rosto. Essa é a coisa mais bela que pode nos acontecer: contemplar face-a-face aquele rosto maravilhoso do Senhor, vê-Lo como Ele é, belo, cheio de luz, cheio de amor, cheio de ternura. Nós caminhamos para este ponto: ver o Senhor".

Neste horizonte, disse o Pontífice, "se compreende o convite de Jesus a estar sempre prontos, vigilantes, sabendo que a vida neste mundo nos foi dada também para preparar a outra vida, aquela com o Pai Celeste. E para isto há um caminho seguro: preparar-se bem para a morte, estando próximo a Jesus. Esta é a segurança: o meu preparo para a morte estando próximo a Jesus. E como se fica próximo a Jesus? Com a oração, nos Sacramentos e também na prática da caridade".
"Recordemos que Ele está presente nos mais frágeis e necessitados. Ele mesmo identificou-se com eles, na famosa parábola do juízo final, quando disse: ‘Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era peregrino e me acolhestes, nu e me vestistes, enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim…Tudo aquilo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes’. Portanto, um caminho seguro é recuperar o sentido da caridade cristã e da partilha fraterna, cuidar das feridas corporais e espirituais do nosso próximo".

Para concluir o Papa assegurou que "se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos mais pequeninos, então também a nossa morte se tornará uma porta que nos introduzirá no céu, na pátria bem aventurada, para a qual estamos caminhando, desejando habitar para sempre com o nosso Pai, Deus, com Jesus, com Nossa Senhora e com os santos".


Fonte: ACI Digital

Não falar mal dos outros!

Que o Senhor nos conceda a graça de ter cuidado com os comentários que fazemos dos outros: foi o que o Papa Francisco pediu na missa desta manhã na Casa Santa Marta.

“Que a justiça de vocês seja superior à dos fariseus”. O Papa partiu desta exortação que vem depois das Bem-Aventuranças e da citação de Jesus de que não veio para abolir a lei, mas para aperfeiçoá-la. “É uma reforma sem ruptura, uma reforma na continuidade: da semente se chega aos frutos”.

Quem “entra na vida cristã”, afirmou Francisco, “tem exigências maiores que os outros, não vantagens superiores”.

Jesus menciona algumas dessas exigências e fala em particulardo “tema da relação negativa com os irmãos”. Quem maldiz, afirma Jesus, “merece o inferno”. Se no coração há “algo negativo” contra o irmão, isso deve mudar. A raiva é um “insulto contra o irmão”. O Papa advertiu contra as formas de denegrir os outros.

“Não é preciso ir ao psicólogo para saber que, quando alguém denigre o outro, é porque ele mesmo não pode crescer e precisa humilhar o outro para se sentir alguém”, afirmou Francisco. “Isso é feio”, destacou.

Segundo o Papa, se não seguirmos “pelo caminho da fraternidade, todos terminaremos mal: quem insulta e quem é insultado”.

Francisco observou quem não é capaz de dominar a língua acaba se perdendo. Além disso, “a agressividade natural do homem, como aquela de Caim contra Abel, se repete na história”, por isso parece ‘mais simples’ “terminar uma situação com um insulto, uma calúnia, uma difamação, ao invés de alcançar algo bom”.

“Gostaria de pedir ao Senhor que nos conceda a graça a todos de prestar mais atenção sobre as críticas que fazemos os outros. É uma pequena penitência que dá bons frutos. Peçamos ao Senhor a graça de adequar a nossa vida à lei da mansidão, do amor e da paz.”